Imagens mostram confusão após tiroteio que matou menor no Rio
Moradores acusam PMs de atirar em festa; armas podem ser apreendidas.
Polícia abriu sindicância para apurar o caso, diz Secretaria de Segurança.
A Polícia Militar mantém o policiamento reforçado na tarde desta segunda-feira (20) no Morro do São Carlos, no Estácio, na Zona Norte do Rio de Janeiro, após tiroteio que deixou um adolescente de 14 anos morto. Imagens mostram o tumulto ocorrido após o tiroteio, quando um carro da polícia chegou a ser incendiado.
A perícia realizada pela Polícia Civil no local foi finalizada. Os policiais que participaram da ação foram convocados para prestar depoimento e, de acordo com o delegado responsável pelo caso, eles podem ter as armas apreendidas.
Moradores dizem que a confusão teria começado após PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do morro chegarem atirando na comunidade. Na ocasião, o som de um carro tocava músicas de carnaval no momento do tiroteio. "A polícia chegou dando tiro", disse uma moradora que não quis se identificar. "E dentro do bar que nós estávamos, eles jogaram spray de pimenta na cara de todo mundo", completou outra moradora que também preferiu não mostrar o rosto.
Ainda segundo moradores, o tiroteio na comunidade durou cerca de 20 minutos. "Não tinha confusão, não tinha nada. De repente deram um tiro e minha filha está no Hospital da PM", se desesperou a mãe de uma das vítimas.
Segundo o comunicado da Polícia Militar e da Secretaria de Segurança, a polícia abriu sindicância para apurar o caso em que outras quatro pessoas foram baleadas, incluindo um traficante conhecido como Menor Cheru. Ele era um era um dos criminosos mais procurados do Rio, e o Disque-Denúncia oferecia R$ 2 mil de recompensa por informações que levassem ao criminoso, ainda de acordo com a PM. O traficante está mantido sob custódia, no Hospital Souza Aguiar.
Nota divulgada pela Polícia Civil informa que o delegado Oton Alves Filho, da 6ª DP (Cidade Nova), ouviu informalmente Menor Cheru no hospital. De acordo com o delegado, o traficante confirmou a versão dos policiais militares de que ele saía de um bar dentro da comunidade acompanhado de um amigo, quando foi deito por um PM. Ainda segundo o delegado, o próprio traficante teria escutado o som de um tiro e foi atingido na coxa direita. Na avaliação do próprio bandido feita ao policial, o disparo pode ter sido efetuado de algum comparsa, já que Cheru "encontrava-se detido e desarmado".
Pela manhã foram colhidas cápsulas de balas deflagradas durante o tiroteio, que serão periciadas a fim de identificar os calibre utilizados na troca de tiros.
De acordo com a nota da secretaria, "por volta das 3h30, policiais que estavam posicionados nos principais do Morro do São Carlos receberam uma denúncia" de que o traficante "participava de acessos numa festa de Carnaval numa rua da comunidade".
Ao notar a presença dos policiais, Menor Cheru tentou fugir, mas foi preso, ainda de acordo com a polícia. "Para resgatar o comparsa, bandidos em duas motos se posicionaram disparando contra os policiais", afirma a nota, acrescentando que o traficante foi baleado na perna e preso.
O secretário de Segurança Público, José Mariano Beltrame, disse que vai pedir a transferência de Cheru para um presídio federal.
O jovem de 14 anos chegou a ser levado para o Hospital da Polícia Militar, mas não resistiu, segundo a PM. A Seseg informou também que "algumas pessoas atearam material explosivo numa viatura policial".
O morro fica a cerca de 2 km do Sambódromo.
Confira na íntegra a nota da Secretaria de Segurança:
Sobre o tiroteio ocorrido nesta madrugada no Morro do São Carlos, a Secretaria de Segurança presta os seguintes esclarecimentos:
1) Por volta das 3h30, policiais que estavam posicionados nos principais do Morro do São Carlos receberam uma denúncia de que o marginal Marcílio Cheru de Oliveira, mais conhecido como Menor Cheru, participava de acessos numa festa de Carnaval numa rua da comunidade.
2) A denúncia partiu de moradores do São Carlos, como ocorreu no episódio da prisão do marginal Aline Popozuda, o que significa confiança no trabalho policial na comunidade.
3) Ao notar a presença dos policiais, Menor Cheru tentou fugir, mas foi preso.
4) Para resgatar o comparsa, bandidos em duas motos se posicionaram disparando contra os policiais.
5) Menor Cheru foi baleado na perna e preso. Ele era um dos criminosos mais procurados do Rio. Havia recompensa do Disque-Denúncia de R$ 2 mil para prendê-lo.
6) Durante o tiroteio, além de Menor Cheru, quatro pessoas foram baleadas. Uma delas – um menor de 14 anos – morreu depois de ser socorrido por policiais militares e levado para o Hospital Central da polícia Militar (HCPM).
7) Algumas pessoas atearam material explosivo numa viatura policial.
8) A Polícia já abriu sindicância para apurar detalhes da ocorrência e definir responsabilidades.
9) A UPP do Morro do São Carlos continua funcionando normalmente. A ação isolada de um marginal não compromete o serviço da Polícia Militar, que permanece atuando na comunidade com muito afinco.
Pacificação
O Morro do São Carlos foi pacificado em fevereiro de 2011, mas a 17ª UPP só foi inaugurada no dia 17 de maio. Ela atende a comunidades com 17 mil habitantes. A unidade conta com 250 policiais, sendo 51 mulheres - o maior contingente feminino dentre as UPPs.